terça-feira, 15 de junho de 2021

CRÔNICAS DE UM FORMADOR - 4.5

Em março de 1962 fizemos um passeio ao Fazendão. Acampamos perto do Ribeirão. Almoçamos. Fizemos café para todos, uns 100 seminaristas. Tomamos banho, pescamos e até caçamos. À tarde visitamos o casarão com o andar térreo e o superior. Um velhinho (caseiro) nos mostrou tudo e nos falou do tempo dos escravos, da senzala, do tempo do café (fim do século XIX) e da fabricação de açúcar mascavo, da rapadura e do melaço. Não faltou também a prosa sobre assombração. No começo de abril de 1962, formamos 9 equipes de trabalho; 5 dos médios e 4 dos menores. Cada equipe escolheu democraticamente os seus chefes e sub-chefes. Isso, foi uma novidade. Enfrentei até estranheza por parte de alguns, tão acostumados com o costume do tempo, de receber tudo marcado, de cima para baixo. As equipes escolheram também os seus patronos: Santíssimo Redentor, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, São José, Santo Afonso, São Clemente, São Geraldo, São Tarcísio, São Domingos Sávio e São Luís de Gonzaga. Nesse primeiro semestre de 1962 já começamos, sob a supervisão do Pe. Archimedes Zulian, o aproveitamento máximo do terreno. Saneamos o brejo, à direita de quem sai para o bairro. Cortamos os eucaliptos, arrancamos os tocos e plantamos diversas árvores frutíferas, especialmente cítricos, entre elas as famosas mexericas “poncan”. Ainda hoje, 1998, lá estão as mangueiras ao longo da estrada, os pés de caqui e as jabuticabeiras. Pe. Hilton Furlani era um trator. Além disso zelava com muito carinho da usina para a luz elétrica, cujos dínamos, gerador e queda d’água ficavam à direita de quem olha para a casa da Pedrinha. Ainda há por lá (1998) a caixa para a captação de água que gerava a força. Em 1962, fui pregar a semana santa em Virgínia-MG. Foram comigo os padres Izidro de Oliveira Santos e Conrado Gagliardi. Preparei os sermões, como de costume, por escrito. Já estava acostumado a fazer isso. No Domingo de Ramos, após o sermão pregado por mim, eu me acheguei de um coroinha miúdo, tímido, sentadinho num canto, e perguntei: 
- Como você se chama? 
- Joércio. 
-Você quer ser padre? 
- Quero. 
Pedi para que ele me levasse à sua casa. Conheci os seus pais. Expliquei como poderiam entrar em contato com o secretariado vocacional. Desde esse tempo ele passou a se corresponder com o Pe.Rodolfo Gherard Anderer. Passados alguns anos, ele entrou para o pré-SRSA. 
É o Pe. Joércio Gonçalves Pereira CSSR.(Dom Joércio)
CADERNOS REDENTORISTAS
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PRÉ – SEMINÁRIO SANTO AFONSO - PEDRINHA 

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