sexta-feira, 4 de junho de 2021

“O MEU PRÉ - SEMINÁRIO DA PEDRINHA” (MINHAS MEMÓRIAS) CONTINUAÇÃO 7

PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO CSsR
7. Nossa pedagogia 
O Pré-Seminário de Santo Afonso, da Pedrinha, sempre seguia a Tradição guardada pelo Seminário de Santo Afonso, em Aparecida. Tradição segura e intocável. Além disso, havia “o Regulamento”, editado em 1935 pelo então Pe. Francisco Wand, Vice-Provincial, e reeditado em 1957 pelo Pe. José Ribolla, Provincial. Nossa disciplina era dura e firme. Sempre tivemos um objetivo: educar aquela meninada viva, esperta e irrequieta. Eu sempre acreditei na disciplina como caminho para se atingir o sacerdócio. Estava convencido do que aprendi, do que falava e do que fazia: “A disciplina educa a vontade e forma o caráter”. Por isso, a gente era severo e exigente. E tinha razão? - Eu não duvido. Hoje, eu me questiono se errei, ou não errei na forma de aplicar esta nossa disciplina... O princípio, porém, permanece sumamente válido. Erramos muitas vezes, sem dúvida. A graça de Deus nos acompanhou. O Espírito Santo nos ajudou, nos abençoou e nos livrou de grandes problemas, naquela época. Com ajuda de meus auxiliares, embora sem preparo especial para ser formador e para ser Diretor do Seminário, eu me atirei a esse serviço “da formação de futuros padres” consciente de que estava numa das mais importantes áreas da Vida Pastoral. Pensando bem, nem sei como eu e meus confrades conseguimos dar conta do recado... A nossa formação alemã e rígida havia criado em nós, sacerdotes daquela geração, diversos traumas psicológicos e afetivos, e desajustes também. Contudo, os nossos educadores alemães haviam nos ensinado igualmente muitas coisas positivas, muitas qualidades e, em especial, uma educação de caráter. E, assim, agora, lá no Pré-Seminário da Pedrinha, a gente eliminava o que era negativo e aproveitava o que era mais válido para a educação dos seminaristas. Todavia, não deixava de ser uma tarefa difícil, Deus bem o sabe. Naqueles anos, os tempos eram outros. Outro era o mundo. Outros já eram os métodos pedagógicos. Por essa razão, os seminaristas, que eram crianças, não guardavam ressentimento contra nós, mas pediam novos caminhos e nos forçavam a certa abertura necessária. Havia disciplina, havia Regulamento, havia Tradição, mas juntamente com meus auxiliares nós começamos, então, a criar e a viver no Pré- Seminário da Pedrinha, um clima de mais liberdade, de mais confiança, de mais responsabilidade, de menos severidade e de menos medo. Mesmo mantendo o sistema rigoroso e duro de internato, aos poucos e timidamente eu comecei a “soltar” a disciplina. Seja como for, os alunos percebiam claramente que nós éramos seus amigos, seus irmãos e que eles eram bastante amados....
SEGUE AMANHÃ

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