O Pré-Seminário de Santo Afonso, da Pedrinha, sempre seguia a
Tradição guardada pelo Seminário de Santo Afonso, em Aparecida.
Tradição segura e intocável. Além disso, havia “o Regulamento”,
editado em 1935 pelo então Pe. Francisco Wand, Vice-Provincial, e
reeditado em 1957 pelo Pe. José Ribolla, Provincial. Nossa disciplina
era dura e firme. Sempre tivemos um objetivo: educar aquela meninada
viva, esperta e irrequieta.
Eu sempre acreditei na disciplina como caminho para se atingir o
sacerdócio. Estava convencido do que aprendi, do que falava e do
que fazia: “A disciplina educa a vontade e forma o caráter”. Por isso,
a gente era severo e exigente. E tinha razão? - Eu não duvido. Hoje,
eu me questiono se errei, ou não errei na forma de aplicar esta nossa
disciplina... O princípio, porém, permanece sumamente válido.
Erramos muitas vezes, sem dúvida. A graça de Deus nos acompanhou.
O Espírito Santo nos ajudou, nos abençoou e nos livrou de grandes
problemas, naquela época. Com ajuda de meus auxiliares, embora
sem preparo especial para ser formador e para ser Diretor do Seminário,
eu me atirei a esse serviço “da formação de futuros padres” consciente
de que estava numa das mais importantes áreas da Vida Pastoral.
Pensando bem, nem sei como eu e meus confrades conseguimos dar
conta do recado...
A nossa formação alemã e rígida havia criado em nós, sacerdotes
daquela geração, diversos traumas psicológicos e afetivos, e desajustes
também. Contudo, os nossos educadores alemães haviam nos
ensinado igualmente muitas coisas positivas, muitas qualidades e, em
especial, uma educação de caráter. E, assim, agora, lá no Pré-Seminário
da Pedrinha, a gente eliminava o que era negativo e aproveitava o
que era mais válido para a educação dos seminaristas. Todavia, não
deixava de ser uma tarefa difícil, Deus bem o sabe.
Naqueles anos, os tempos eram outros. Outro era o mundo. Outros
já eram os métodos pedagógicos. Por essa razão, os seminaristas, que
eram crianças, não guardavam ressentimento contra nós, mas pediam
novos caminhos e nos forçavam a certa abertura necessária. Havia
disciplina, havia Regulamento, havia Tradição, mas juntamente com
meus auxiliares nós começamos, então, a criar e a viver no Pré-
Seminário da Pedrinha, um clima de mais liberdade, de mais confiança,
de mais responsabilidade, de menos severidade e de menos medo.
Mesmo mantendo o sistema rigoroso e duro de internato, aos poucos
e timidamente eu comecei a “soltar” a disciplina. Seja como for, os
alunos percebiam claramente que nós éramos seus amigos, seus irmãos
e que eles eram bastante amados....
SEGUE AMANHÃ
Nenhum comentário:
Postar um comentário